sexta-feira, 26 de setembro de 2014


Hoje termina uma jornada de 2 meses e meio fora de São Paulo e de 1 mês em Aracaju, minha terra natal. Sinto que tal qual a jornada de 70 dias que fiz pelos EUA entre ano retrasado e passado, esta também foi uma viagem talhada sob medida pela vida para que eu abrisse mais meu coração, aproximasse-me mais de mim mesmo e limpasse os canais para o pleno fluir da minha vida e de tudo que está emergindo nela, incluindo carreira e filhos.

Não tenho atração por ficar expondo minha vida íntima nas redes sociais, mas sinto que de vez em quando a vida me traz algum presente ou insight tão importante, que a minha vontade é compartilhar com o mundo inteiro. Talvez aí more uma influência do meu instinto de escritor, que naturalmente me chama para compartilhar com mais pessoas as narrativas que acontecem dentro e fora de mim.

Por isso, queria compartilhar e agradecer a vida e a todos os seres com quem a tenho partilhado, pelos momentos vividos nestes dois meses, no texto-poema que segue abaixo. Algumas partes só serão entendidas por quem conhece os fatos aos quais elas se referem, mas talvez mesmo elas possam ser compreendidas com o coração. Nem todos estão nomeados aqui em palavras, mas estão todos registrados nas entrelinhas do texto e do meu coração.

 

Aos ancestrais que me guiam

 

Se importante é aquilo que portamos no coração

Que fiquem para sempre registrados

Nas estrelas

Esses momentos:

 

Ver você, meu irmão,

Casando com sua alma gêmea,

Do lugar mais belo que eu poderia

Imaginar:

O pé do altar,

Onde tive a honra de os receber

Ao lado de minha companheira.

 

Mergulhar na sua história,

Meu amor,

E aprender uma parte

Da sua língua,

Aquela que passeia

Pelo Sena

E namora aos pés

Do lago das uvas.

 

Comungar, com sua família,

De uma história

Muito antiga,

Cujos portais só se

Abrem

Pela honra ao que

Passou.

 

Entender que a

Europa

É também a minha

Terra

Porque nela vivemos

Vidas

E o Natal que

Juntos

Comungamos.

 

Mergulhar num kiirtan

Tão doce e verdadeiro

Que qualquer lugar

Do mundo

Pareceria menor

E menos bonito

Que aquele salão pequeno,

Num inverno gelado, de dias curtos

Do interior de uma Suécia distante.

 

E num desses momentos

Sentir que rodamos juntos

Você, meu amor, apoiando minha voz cansada

Numa madrugada

Sem ninguém.

 

E num desses encontros

Sentir que Deus preparou

Um momento só nosso

E da alma que

Nos espera.

 

Comungar com os amigos

Que moram longe

De seus amores e projetos

De seus filhos e gravidezes

Sentir-me acolhido,

E na véspera de um adeus,

Num momento pequeno

E mágico,

Sentir no meu corpo

Como um lágrima

O meu próprio filho

Passando através

De mim.

 

Degustar da vida

Com você,

Meu raio de sol,

No sabor de uma massa

Caprichada

Um chocolate inesquecível

Um passeio engraçado,

Verde,

Antigo,

Amoroso,

Doce,

Sutil,

Musical,

Terminando sempre,

Claro,

Com um sorvete

De pistache,

Em uma Roma

De terraços

Tão charmosos

Quanto nosso amor.

 

Passear pelas mágicas

Montanhas

Da uma Suíça

Inesquecível,

Num dia improvável

De luz e sol,

Num jantar improvável

De bons amigos,

Numa conversa de trem

Mirando a beleza sem fim,

Falando sobre o que

Importa

Com você, meu irmão,

Que sempre

Amarei

 

Jantar com você,

Mainha,

E beber do seu

Brilhantismo,

Nutrir-me de sua

Genialidade,

Digerir a sua

Generosidade

E sair mais forte

Para voltar para casa.

 

Não pense que não notei

O pão comprado logo cedo

A sopa feita com carinho

A água de côco sempre fresca

O sorriso de avó coruja

A partilha da sabedoria

A taopica quentinha

A novela compartilhada

O quarto cedido

O espaço oferecido

Para eu ser quem sou.

 

Também não pense que não notei,

Martoca,

Sua humilde presença,

Cuidando da minha,

Zelando por mim,

Sendo você,

Tão autêntica e brilhante,

Guiando meus passos

Ao me fazer pensar e rir

E ser a parceira

Bruxinha do bem

Da minha mãe.

 

Viver a vida com vocês,

Meu irmão, minha cunhada,

Presenças amadas,

Junto com minha esposa,

Como Irmãos de vida,

De Alma,

Recebendo de Deus

E compartilhando juntos

Nossos dons,

Em casa,

No curso,

Na sorveteria,

No papo gostoso

Antes de sair do carro.

Amor.

 

Maya sentada comigo

Juntinho na rede

Ela correndo do monstro

Que agora eu era

Pulando no ombro

E me ajudando,

Tão linda,

A controlar o tempo

Do meu olhar

Anfitrião.

 

Theo imitando

Tarzan

Como faz o tio Guga

Seu cabelo de mel

Brilhando ao sol

Seu sorriso de dentes

Poucos

Sorrindo como a ninfa

Pureza

Batendo engraçado

No chão

No tambor

Na mesa

E sempre pedindo

Ké – ké – ké

Dá – dá – dá

Para qualquer

Gordinharia

Que se veja

 

Sentir você, minha amada,

Ainda aqui ao meu lado,

Partilhando comigo

Das dores

E das delícias

E fazendo desta família

Uma família que também é

Sua.

 

A flor do propósito

Abrindo novas

Pétalas

Nos chamados

Da Alma,

Que caem tanto,

Como frutas maduras,

Que ao mesmo tempo

Que agradeço,

Pergunto com quem

Compartilharei

O que não cesta

Já não mais cabe.

Agradeço, Senhor,

A felicidade

E a abundância.

 

São tantos parceiros

Que tecem comigo

O que sou

E o que somos

Que é como se eu

Morasse

Numa galáxia brilhante

E tão próxima,

Onde sou uma

De muitas estrelas

Com quem partilho

A luz.

 

Encontrar vocês,

Meus amigos,

Meus irmãos,

Não apenas em Serra Grande

Mas na simplicidade do cotidiano

E na grandeza da alma

Do seu nobre coração guerreiro,

Amado Thomas,

Do seu bondoso coração

Feiticeiro,

Amada Narjara,

E na combinação de tudo isso,

Nos olhos sorridentes

De Luan,

Brilhando como a Lua

Na tarde em que Cristo

Nos penetrou,

Sob a guarda da

Deusa Kali

Com suas alegres

Quatro patas.

 

Sentar com você,

Meu pai,

Naquela mesma varanda

E sentir que aos poucos

Me preparo

Para sermos Um

Mais e mais,

No Amor.

 

Almoçar com vocês,

Vovô Antônio e vovó Gilda,

E ver que uma estrela brilha

Mesmo no corpo que fraqueja

Com a luz de Deus,

Da devoção que nunca cessa,

E da entrega que você, meu avô,

Respira.

 

E ouvir, ouvir e ouvir,

Sem nunca querer parar,

As histórias doces,

Alegres, difíceis,

Belas, intensas,

Conhecidas, surpreendentes,

Fortes, leves,

De quem conheço

E de quem jamais

Conheci,

Que falam de mim

E de para onde vou,

As suas histórias,

Meu avô José Augusto

E minha avó Maria da Conceição

Meu vovô Augusto

Minha Nana Ceiça

Minha Vovoruska,

E guardar como jóias

Seus olhos marotos, voinha,

Seus olhos brilhantes, voinho,

E saber que eu sempre,

Sempre,

Os portarei no meu

Coração.

 

Que minhas palavras

Possam honrar

A sabedoria que vocês me trouxeram

No livro que escreverei.

 

Que minhas palavras

Possam honrar

A sabedoria de todos vocês,

Ancestrais,

Na forma de homens, mulheres,

Amigos, irmãos,

Pais e avós,

Colegas, clientes,

Parceiros, Seres,

E que eu possa

Ser grato

E agradecer sempre

Porque continuamos juntos

Nos próximos passos

Desta jornada.

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